Hoje me veio alguma daquela reflexões que mexem com meu estado natural e confrontam todos meus conceitos do mundo real. Estudando semiótica, agora percebo que apenas meus signos estão mudando (não, isso não tem nada a ver com zodíaco). Signos são aquelas imagens que estão na nossa cabeça que representam o mundo que nos rodeia. Se quiserem mais informações pesquisem sobre semiótica.
Como eu dizia, meu mundo foi abalado conceitualmente. E essa abalo é quase que um abalo sísmico provocado pelas tectônicas, sim, porque ele vem de vez em nunca, as vezes acho que ele também se desloca 2 cm por ano…
Fico sendo bem pragmático num nível mais abstrato, se é que isso pode existir. Em outras palavras, busco o sentido das coisas, mas não num nível físico de “pra que serve esse lápis?” mas num nível mais universalista de “pra que servimos?”, “todo esse trabalho que nos é exigido vale a pena?”, “o que é o certo? O que é o errado? E porquê? Quem disse?”. Enfim, o que vale a pena?
As vezes o mundo vai girando e não nos damos conta. Quando percebemos ele já deu um giro de 180 graus e nos encontramos confusos. Sim, porque antes disso você achava que se encontrava num estado ruim, que você tinha que alcançar algo, que algo devia mudar. Charan, isso tudo aconteceu e você só percebeu agora. E muito do que você gostava, muito do que você admirava, muito do que lhe fazia bem não está mais na sua vida. E muito do que você criticava, muito do que você negava, muito do que você reclamava também está presente. Muito do antigo vai fazendo falta e você começa a se questionar do sentido das coisas.
A verdade, é que não percebemos mas as falhas são as engrenagens do mundo. Sim, ela que nos movimentam. Elas que nos diferenciam dos deuses (entenda este termo como símbolo de perfeição, apenas), e que fazem eles terem inveja de nós ou que fazem eles olharem para nós ou que fazem eles precisarem de nós. Sim, pois quando há perfeição, há estagnação, não há mobilidade, pois está tudo certo, tudo está perfeito, nada incomoda, não se tem que correr atrás de nada, tudo já foi feito. Por isso, que estamos sempre insatisfeitos, por que temos necessidade de viver e por isso temos necessidade das falhas, porque se nada te incomoda você não tem que dar nenhuma manuntenção, você pode apenas sentar e ver a máquina funcionar.
Uma vez alguém disse: “Aquilo que é perfeito, passa despercebido. Aquilo que tem defeitos, chama atenção.”
E pensando bem, ainda bem que é assim. Do contrário, esse processo que chamamos de vida não existiria. Por isso a importância de ver os defeitos não como coisas ruins, nem como coisas boas, mas como algo que faz parte. E principalmente, que vai lhe tirar de onde você está e vai lhe levar a outra instância, ou seja que vai lhe mover. Essa dinamicidade promovida pelos defeitos é muito importante. O próprio texto que você está lendo se moveu por causa dos “erros”. Comecei escrevendo com uma pergunta “O que realmente vale a pena?” para chegar em “Aquilo que realmente vale a pena”, pois antes, eu não tinha resposta alguma, agora tenho algo que posso me apoiar sobre e se começarmos alguma discussão veremos que isso está sempre em movimento que isso é inesgotável, pois conceitos só existem no dicionário, na vida, eles estão em constante mudança, estão sempre se fazendo novos. Entretanto, a bonança causada pelos acertos também é importante. Do contrário veríamos uma correria descontralada, isenta de objetivos, de causas e de consequências que outros já a nomearam de caos. Que alguns já estão imersos nela.
Daí a importância do equilíbrio. Somos esses mantenedores da máquina vida que sempre andam na corda do equilíbrio para que a máquina não se sobrecarregue nem pare de funcionar. Saibamos controlá-la.
Gostei muito, muito mesmo. Especialmente porque não tentar ser engraçado, porque usa um vocábulo gostoso e porque é verdade - ai vem a pergunta: e o que é verdade? - , pois então, assino embaixo.
ResponderExcluirSemiótica é bem interessante, pelo que entendi tem alguma relação mesmo que distante com Estruturalismo - corrente moderna da Filosofia.
Eu acho que esse abalo sísmico, tem seu lado positivo, mesmo que cause danos as vezes, são eles que nos definem a cada etapa, ou melhor, a maneira que reagimos à eles. Foucault faz um estudo muito bom sobre isso em seu livro Microfísica do Poder, nunca imaginei que iria relacioná-lo com algo cotidiano, mas ele está inserido na realidade.
Acho interessantíssimo quando necessitamos parar pra se perguntar o sentido das coisas. E ao obter respostas e reconhecer as nossas falhas e os nossos acertos. Acho mais gostoso ainda que sejam as nossas falhas que predominem nas nossas "caracteristicas", acho ótimo não sermos comos os deuses perfeitamente os mesmos, sem erros, sem decepções, sem crescimento. São estagnados. Tenho a impressão que teu pensamento é o mesmo que Jean-Paul Sartre, ele diz isso, que os deuses sente inveja de nós, da nossa moblilidade, que eles precisam mais de nós do que nós deles, na verdade. Sartre diz que "a existência precede a essência", ou seja, que eles só existem porque tem alguém para crer neles.
Acho que nossa indignação é a corda para que possamos lutar pelo que queremos e ir atrás do que nos deixa insatisfeitos. "Essa dinamicidade promovida pelos defeitos é muito importante". A verdade é que mesmo imperfeitos estamos sempre buscando a perfeição, o acerto. "Daí a importância do equilíbrio".
Adorei, tão filosófico ;)
As vezes encontro a minha verdadeira essência assim. Pensando, vendo o mundo como um local a ser descoberto. Me encaixando na terceira categoria de homens de C.S. Peirce, pai da semiótica, que define a vida para essa categoria de homens como: "um cosmos, tão admirável que penetrar em seus caminhos lhes parece a única coisa que faz a vida valer a pena."
ResponderExcluirImergindo nesse mundo da semiótica, descobrimos que os objetos estão em constante mudança, entretanto nós precisamos nos apoiar sobre algo, para isso delimitamos o conceito de determinada coisa, para que saiamos do estado de dúvida. Entretanto, toda vez que essa definição for abalada por qualquer motivo, nossas convicções também o serão e assim iremos adentrar na espiral de significados do objeto para transformar o signo que está em nossa mente. Estou fascinado por esse estudo, e acredito que você gostaria muito também, costumo relacionar as coisas e tenho relacionado diversas coisas, o que me faz obter uma ótica um tanto diferenciada.
Quanto ao fato de ser engraçado, estamos sempre em constante mudança, seja de pensamento, seja espiritual, logo naturalmente ainda haverá aqueles dias um tanto intoleráveis na sua cabeça, talvez por não estar de face para com a minha essência, que de fato, raríssimas vezes torna-se o riso.